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terça-feira, 24 de abril de 2012

E OS 100 ANOS CHEGARAM : OLYMPIA

Em meio a falas e discussões durante a semana, chega hoje o grande dia do Cinema Olympia: 100 anos de pé em meio à intensa circulação de pessoas de novas e velhas gerações. As plumas e paetês do início do século, usadas por frequentadores/as da casa para saudar uma tecnologia mais sofisticada chegada a Belém pelas mãos de empresários interessados em aumentar seus lucros no finzinho da “bella-epoque”, se transformaram em intensos debates, agora para saudar o feito e o significado de uma casa de cultura, testemunha de tantos fatos sociais, políticos e pessoais, permanecendo no mesmo local e ainda mais comprometida com a tradição da cidade. Se as questões levantadas ao longo de tantas entrevistas, de exposições públicas em seminário sobre esta sala tenderam a centrar-se nos fatos pesquisados sobre os modos de vida e a circulação de espectadores do início do século na cidade de Belém quando o Olympia foi criado, mesclaram-se interesses em outros assuntos originados nesses cem anos em que a tecnologia da arte cinematográfica subverteu e aprofundou o modo de reprodução das imagens saidas do cinematógrafo de Louis e Auguste Lumière. Não faltaram, também, perguntas sobre a resistência ao seu fechamento depois de tantas décadas que evidenciaram tensões pela decadência de objetos e equipamentos demonstrativos da falta de conservação da casa. E o que a pesquisa e a memória histórica têm evidenciado reflete a persistência da população da cidade em reaver o esplendor do cinema nos moldes de cada época. Se os estudantes paraenses da década de 1940 pleitearam a meia-entrada como beneficio de sua condição e conseguiram a sensibilidade do então proprietário do cinema, haja vista que esse privilégio já vinha sendo distribuido para a categoria em outras cidades brasileiras, os da década de 1950 também fizeram seu protesto, então pela melhoria das instalações precárias argumentando que outras casas do tipo, em outras capitais, já apresentavam poltronas estofadas e ar refrigerado. Com 600 lugares e, geralmente, casa cheia quando os programas eram filmes do gênero chanchada (brasileira), tornava-se improducente curtir a sessão sem boa qualidade do ambiente. As sessões extras do tipo “Vesperal Passatempo” (17 h aos sábados) e “Última Chance” (com a exibição de filmes já exibidos e tendo percorrido os cinemas dos bairros) também às 17h, criados pelo gerente desse cinema, Adalberto Augusto Affonso, com a finalidade de chamar a atenção do público que áquela altura tinha outros espaços para escolher suas preferências, o cinema Olympia mantinha-se fiel a uma programação de qualidade demonstrando que jamais perdera o “aplonb” para espectadores das citadas“plumas e paetês”, agora o frequentando numa indumentária mais simples, onde o império das calças jeans e os chinelões passaram a conviver democraticamente. A almejada reforma da sala de proejeção só foi alcançada quando inaugurou o Cine Palácio, edificado por empresários locais. Precisamente em 1960 o Olympia passou a ter as suas poltronas estofadas e ar condicionado. E suas estréias, que figuravam na base de 3 filmes por semana converteram-se em apenas uma como, na maioria das cidades do país. As novas técnicas como o cinemascope, o som estereofônico, e os gêneros de filmes foram se adaptando (e gerando) novas faces culturais. As sessões “cinema de arte” são exemplo ilustrativo de mudanças. De público e de comportamentos. Os mais intelectualizados e letrados nas artes circulavam nesse espaço nas manhãs de sábado, com as mulheres jovens tratando de estimular seu visual com as idéias de uma moda “subversiva” de Mary Quant – em que a minissaia figurava como vetor de imposição de costumes e as cores chamadas psicodélicas contribuiam para isso –justapunham-se ao comportamento dessa geração “que amava os Beatles e os Rolling Stones” e gerenciava outros tipos de saberes mais entrosados com os costumes da contemporaneidade. Estes queriam entender o cinema, a técnica da linguagem, o modo de conviver com as mudanças da geração Woodstok. Mas os empresários começaram a sentir os efeitos de concorrências das novas mídias como a TV, o video (VHS e depois DVD), com a pirataria do gênero e, principalmente, a falta de segurança nos cinemas de rua. Migrou-se para os shoppings. E o Olympia, como outros espaços do tipo, foi relegado por seu proprietário. Veio o clamor público e a intervenção da PMB. Hoje é Espaço Municipal Olympia. E resiste. E ganha a homenagem que merece por sualongevidade. Parabéns cinema Olympia. Por tudo o que nos brindou nestes 100 anos. Você merece! (Luzia Álvares)

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